Autora: Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, pelo espírito Antônio Carlos
ISBN: 978.85.7813.165-4
Ano: 2015
Editora: Lúmen Editorial
Gênero: Romance
Informações adicionais:
Número de páginas: 280
Tipo de diagramação: página de abre diferenciada e com arte própria em tons de cinza
Cor das páginas: brancas
Fonte: com serifa, agradável para a leitura e tamanho satisfatório, espaçamento muito bem trabalhado
Capa: brochura fosco, com orelhas laterais
Sinopse:
Mariano e Estela, passando por inúmeras dificuldades financeiras, resolvem aceitar o convite de um tio dele para morar no sítio Na Sombra da Montanha. O casal vai com os filhos, Felipe e Isabela. O lugar, de fato, é pitoresco, e o tio, o senhor Epaminondas, é uma boa pessoa. A casa fica no sopé de um morro, que o tio insiste em chamar de “montanha”. À tarde, quando o sol está se pondo, a propriedade, num belo espetáculo, fica na sombra. Porém, o local também é habitado por moradores do Além. Na casa, acontecem muitos transtornos e manifestações físicas, e uma desencarnada tenta obsediar a garotinha Isabela. Estela pede ajuda aos trabalhadores do centro espírita da cidade em que residia antes, local onde levava os filhos para receber passes.
Nota:
Resenha:
Faria um tempo que eu possuía esse livro e precisava lê-lo, mas ele estava em meio aos mais de cem livros comprados e ainda não lidos e foi ficando de lado. Até que recebi esse mesmo livro pelo clube do livro e pensei: é agora ou nunca! E parti para a leitura.As obras da Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho ditadas pelo Antônio Carlos são muito interessantes, elas abordam sempre temas cotidianos por outra ótica e é possível imaginar de verdade cada um dos personagens narrados. Aliás, todo o mistério que ela emprega no começo do livro dá um tom de "terror" ao livro também, o que é bem bacana e nos prende de imediado, pois queremos descobrir logo sobre o que se trata aquilo.
Mariano é casado com Estela e tem um casal de filhos, Felipe e Isabela, duas criancinhas bem novas. Avida do casal anda complicada desde que o último negócio que ele abriu, um bar, fechou por conta das dívidas e o sócio o abandonou com tudo a pagar sozinho. Faz tempo que ele envia currículos, mas não é chamado a lugar nenhum. Estela está desesperada, pois não há o que comer em casa e as crianças estão praticamente vivendo da merenda que comem na escola, enquanto ela e o marido comem alguns pedacinhos de pão, que ainda assim dão as crianças também, e tomam água para enganar a fome.
Estela pediu ajuda a um irmão, por conta da triste situação em que se encontram, a princípio ele negou dinheiro a ela, mas ainda os recebia para jantar (ela e as duas crianças), até que em certo dia acabou por tocá-los de sua casa dizendo que não era obrigado a sustentar ninguém e aquilo doeu fundo nela, pois não tinha orgulho em pedir o que comer aos filhos, apenas estava desesperada e sem ter a quem recorrer.
Mariano tentou pedir ajuda a um tio, o único membro que tem contato de sua família após o falecimento de sua mãe. Mas ele também negou emprestar-lhe mais dinheiro, visto que ele mesmo já havia lhe dado muito. No entanto, ele lhe dá a opção de que se aceitarem morar na fazenda em que ele vive, umas quatro horas dali, garantirá pelo menos o que comer as crianças e uma cama para dormirem.O restante, Mariano terá que trabalhar e conseguir com seu próprio esforço. Ele também diz que eles podem levar apenas suas roupas e alguns brinquedos das crianças, mas nenhum móvel.
Desesperados e sem opção, o casal acaba dando os móveis aos vizinhos nos quais deviam alimentos dinheiro, Mariano vende sua única condução, uma velha moto, e paga o que falta do aluguel do bar, água e luz, também usa para pagar algumas contas pendentes da casa. No entanto, ele ainda vai ficar devendo parte do aluguel e é bem sofrido a situação no qual eles tentam acertar as contas com o proprietário, prometendo-o pagar o que devem assim que Mariano estiver trabalhando nessa fazenda do tio. O homem só acaba aceitando após Estela não aguentar e chorar por conta de tamanha pobreza e humilhação em que vivem.
O tio de Mariano, Epaminondas, manda um empregado vir buscar a família. José Egídio vê a degradante e precária situação no qual eles vivem, mas tenta se mostrar alguém otimista, pois acredita que o patrão é alguém muito bom e de fato irá ajudá-los a sair desta situação, mesmo a seu jeito. É com tristeza que Estela tem seus poucos e parcos pertences vendidos ou dados, ela está muito triste com a situação, mas diz ao marido que é bom eles não reclamarem de nada e agradecerem ao tio dele. Mariano lhe adverte que Epaminondas é mandão e tem mania de decidir tudo a todos, mas ela lhe diz que eles não estão em posição de questionar nada.
Epaminondas é mesmo uma pessoa mandona, aposentado do exército, ele quer que as coisas sejam exatamente da forma em que ele decidiu que fossem e não aceita ser contestado. Ele decide onde cada um vai dormir e as funções de cada um na casa, não dando chance para falarem nada a respeito. Também decide onde as crianças vão estudar e informa Mariano de que ele irá trabalhar em uma loja na cidade e terá que ir até lá a pé ou de bicicleta, mas não emprestará nenhuma outra condução para ele.
A princípio isso parece até cruel, mas quando Epaminondas e Estela conversam, percebemos que o tio quer mesmo o bem do sobrinho e que se não for firme e o prender nas rédeas, ele logo estará abandonando o trabalho mais uma vez. E Estela precisa concordar, já que ela mesma começa a pensar que o marido sempre foi bom, mas nunca levou realmente um emprego a sério por muito tempo e isso tem lhes causado a triste e humilhante situação em que se encontram.
Logo que chegam a casa, eles vêem uma árvore seca em frente a propriedade, bem, quase todos, pois Isabela diz que vê a árvore com flores e verde. A mãe tenta desconversar e o irmão, Felipe, também tenta desconversar quando a pequena acaba comentando coisas que não deveria saber. Afinal, a menina parece estar vendo alguém já falecido por ali e conversa com o espírito, coisa que já aconteceu no passado e que deixou Estela desesperada. Ela teme que se o tio do marido souber sobre o que a menina faz poderá expulsá-los da casa. Ela até tenta expulsar o espírito de perto de sua filha, já que está está ficando fraca, doente e deprimida, mas as coisas acabam piorando, pois outro espírito atira frutas e pedras em outras pessoas da fazenda até que ela peça desculpas para aquela que atormenta sua filha.
É muito triste a situação inicial da família, a pobreza deles é palpável e dolorosa, percebemos que a mãe faz de tudo para tentar fazer com que os filhos não sofram tanto, mas até mesmo as crianças acabam por tomar consciência de que as coisas não estão certas e sentem na pele a tristeza de serem humilhados até pelos primos e colegas de classe.
O desenrolar da história é muito bom e foi um daqueles livros que você pega para ler sem pretensões e acaba amando ao final. Pois toda a história que se passa após esses acontecimentos é ainda mais especial, de certa forma, edificante.
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