Livro: "O Evangelho de Judas" por José Lázaro Boberg

Título: O Evangelho de Judas

Autor: José Lázaro Boberg


Editora: EME

Ano de publicação: 2016

ISBN: 978.85.66805.73-4

Gênero: Religião

Informações adicionais:Número de páginas: 208
Tipo de diagramação: simples, letras com serifa, títulos em caixa alta e fonte maior e negrita
Cor das páginas: brancas, mas bem grossinhas
Fonte: agradável para a leitura


Sinopse:
Um trabalho audacioso onde José Lázaro Boberg faz uma análise crítica da vida de Judas Iscariotes baseando-se nos recém-descobertos escritos denominados evangelho de Judas. O autor reflete sobre o verdadeiro papel deste apóstolo na passagem de Jesus pelo planeta Terra. Afinal, Judas é um traidor ou um herói?


Nota:


Resenha:

Quando vi esse livro de José Lázaro Boberg disponível para a venda achei o título super curioso. Judas Iscariotes tem uma fama nada boa, converse com qualquer um e a maioria o chama de traidor para baixo, com palavras nada elogiosas quanto a esta pessoa. Chega até a ser bem curioso que ele fosse um dos 12 apóstolos escolhidos a dedo por Jesus e a ele seja atribuída tantas maldades, afinal, isso quer dizer que Jesus errou na escolha? Ou será que algo não está fechando nessa equação?

Para começo de conversa, o livro é bem amplo e é praticamente um longo estudo e levantamento de pesquisa feito pelo autor sobre os evangelhos conhecidos (Marcos, Matheus, Lucas e João) e a Biblía em si. Ele começa contando que os dois apóstolos e os dois seguidores dos apóstolos que posteriormente são nomeados como os autores de tais evangelhos não foram realmente as pessoas quem os escreveram linha por linha. Esses evangelhos foram a eles atribuídos com o tempo e da versão primeira escrita até a que chegou para nós houveram muitas mudanças e adições no longo dos anos.

O autor usa próprias informações de análises de documentos do Vaticano, analise de carbono dos papiros mais antigos para determinar quando foram escritos e levantamentos feitos por pesquisadores da Bíblia para embasar tudo o que aparece no livro. Na prática, ele serve como um livro e curiosidade sobre muitos aspectos da Bíblia em si, não apenas do evangelho atribuído a Judas que foi encontrado em 1970, junto com vários outros textos que anteriormente (em 1954) foram descobertos e nomeados como a biblioteca de Nag Hammadi.

O livro é certeiro em pontuar que: "a história é escrita pelos vencedores" e também que "uma mentira repetida muitas vezes acaba se tornando verdade", frases célebres, que podem ser utilizadas para descrever algumas situações que acabaram sendo modificadas da Bíblia inicial para a atual, em alterações várias transcorridas nesse tempo todo. Ou seja, o começo do que viria a ser a "Igreja Católica" não era um berço harmônico que nos fazem crer, ouve muito sangue derramado e quaro vertentes existiam anteriormente a ortodoxa, a gnóstica, ebionista e a docetista e, como é de se esperar, as sutis diferenças entre os pontos de vista de cada uma delas causava muita confusão.


Cada uma delas, que ele explica com mais afinco no livro, tinha seus pontos de vista e transmitia os ensinamentos de Jesus por via oral. Sim, afinal nem 10% da população era alfabetizada naquela época e isso inclui os próprios apóstolos que não eram, por isso não escreveram nada do que a eles foi atribuídos também. Mas, o que acabou sendo um estopim, é que cada uma dessas vertentes queria ser "a verdadeira" e houve uma grande perseguição entre elas.

Judas, Tomé e Maria Madalena (essa três figurinhas que entraram pra história com uma fama ruim, não é mesmo) eram gnósticos e, como sabemos que quem ganhou no final foram os ortodoxos, dá para se imaginar se tudo o que falam as más línguas sobre essas três figuras que conheceram e foram escolhidas por Jesus é tudo isso de ruim mesmo. Afinal, será que Jesus na virada tinha um "dedinho tão podre" assim? Ou será que jogar a culpa nessas figuras não acabou sendo uma saída genial, hein?

O livro trás muitos questionamentos, cita trechos dos conhecidos evangelhos e aponta incongruências entre eles sobre a figura de Judas (como, por exemplo, as duas mortes conflitantes que o atribuem e, posterior a sua morte Jesus ter aparecido aos 12 apóstolos, quando na verdade só deveriam ter sobrado 11), situações, aliás, que nos fazem pensar muito (e eu me perguntei como não tinha reparado nelas antes, sabe?).

O Evangelho de Judas, aliás, mesmo negado pela Igreja Católica, foi nomeado como herege em uma carta do Papa Irineu, o mesmo que denominou o que deveria ou não ser no Concílio de Niceia. Não é no mínimo suspeito ele nomeá-lo? Afinal, ele era um texto desconhecido e que só chegou a publico (parcialmente, devido a deterioração do material localizado) a poucos anos.

É um livro muito interessante, uma pena o evangelho de Judas não estar completo, pois o texto dele (constante nas 13 páginas finais do livro) no mínimo é bem curioso e não se parece nada com heresia para mim.

Para quem gosta de ler sobre fatos históricos, pesquisas e teorias é um livro muito interessante. Para quem torceu o nariz só por ser uma editora espírita, saiba que há apenas duas páginas com frente e verso sobre o que Chico Xavier recebeu em vida sobre Judas em uma comunicação e nada mais. Ou seja, o livro em si não pertence a nenhuma religião e não puxa sardinha para ninguém, como deve ser um verdadeiro livro de pesquisa.

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