Livro: "Mal-Entendido Em Moscou" de Simone de Beauvoir

Título: Mal-Entendido Em Moscou
Título Original: Melentendu à Moscou

Autora: Simone de Beauvoir
Tradução: Stella Maria da Silva Berteaux

ISBN: 978.85.7949.361-4
Editora: Record (Folha de São Paulo)
Ano de lançamento: 2017
Páginas: 80

Diagramação:
Texto: fonte agradável para leitura, com serifa
Páginas: amareladas
Diagramação: simples

Sinopse:
Dois intelectuais que passaram dos 60 contam o que pensam da vida de casados, do país que visitam e do desassossego com a idade que chega. O bom casamento não tem mais paixão. A boa carreira não teve realização maior. O corpo decai; há o susto de se perceber velho quando ainda ontem a gente se imaginava jovem.Mas o "Mal-entendido em Moscou" vai além dessa história comum. Trata de modo refinado uma crise conjugal e política _a decepção com a União Soviética. É difícil dissociar os personagens das figuras de Simone de Beauvoir (1908-86) e de Jean-Paul Sartre (1905-80), dupla central no debate intelectual francês entre os anos 1940 e 1970.A novela alterna os pontos de vista de Nicole e André. Contrapõe pensamentos que os casais não revelam. Mal-entendidos se acumulam até o ponto de uma crise.A decepção com o comunismo não transparece por meio de crítica social, mas na observação frustrante do cotidiano dos russos nos anos 1960, como em um diário de viagem."Mal-entendido em Moscou" é, enfim, um diálogo sobre percursos da vida: casamento, carreira e política.


Nota:


Resenha:

Confesso que rolou uma certa decepção nesta leitura. A Simone de Beauvoir é muito famosa, ativista política e expoente da literatura feminina. Talvez isso tenha contribuído para criar em mim uma expectativa muito maior do que o que esse curto livro tem a oferecer.

Aliás, é sabido, que este livro anteriormente era parte de uma coletânea de contos da autora, então possa ser que como uma parte daquele todo ele ficasse realmente mais interessante. Porém, separado, ele soa um pouco cansativo, e mesmo curtinho não é daquela leitura que você consegue ler por muito tempo, mas explico melhor.

Autores franceses tem uma forma narrativa de escrita diferente da nossa, o projeto gráfico adotado na diagramação da editora Record (que fez a Coleção Folha Mulheres da Literatura do qual esse livro faz parte para o jornal paulista Folha de São Paulo) é exatamente o mesmo do livro original, mas em português ele soa muito estranho. Temos um texto narrado em alguns momentos em terceira pessoa e em outros em primeira pessoa, mas essas partes em "primeira pessoa" são revesadas entre duas pessoas e não há nenhuma sinalização gráfica de onde começa ou termina o pensamento e onde se inicia a terceira pessoa. Somente há aspas em alguns pensamentos específicos dentro do próprio ponto de vista da pessoa, o que não ajuda em muita coisa.

Na trama, André e Nicole, um casal parisiense na terceira idade viaja para a Rússia pós revolução para ver a filha dele. A moça, Macha, é fruto de um casamento extra conjugal de André, no entanto parece ter um bom respeito e uma preocupação sincera por Nicole.

André gosta de conversar com a filha, porém sempre o faz como quem critica o país dela, a nacionalidade dela e o momento politico sócio econômico no qual ela e a Rússia vivem (isso após deixarem de ser URSS). É uma situação e um momento histórico delicado? Sim, é. Mas mesmo quando ele nota o desconforto da moça parece não querer deixar o assunto de lado para, por exemplo, conhecer melhor a filha que não viveu com ele. Parece que ele gosta de pontuar essa diferença, mesmo que tente dar a entender em seus pensamentos que gostaria de ser mais próximo dela.

Enquanto isso, Nicole que gosta da aproximação da moça, sofre em saber que seu filho está com casamento marcado. É como se "estivesse perdendo" o rapaz para outra mulher e o marido parece fazer pouco caso disso. Ok, é dramático? Sim, mas ainda assim é um sentimento de mãe e enquanto ele tem a filha ao lado para uma conversa, Nicole se sente um tanto quanto excluída, já que não faz "parte" desta relação.

No fundo dão duas pessoas carentes, que de alguma forma tentam chamar a atenção dos demais e, na virada, somos todos, não? Afinal, de graus diferentes, todos nós procuramos ser reconhecidos e amados. Então a ideia do livro é sim muito boa e até mesmo a execução, mas a editora deveria te se preocupado em trazer a obra mais graficamente para a forma brasileira, não apenas ter traduzido.


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