Título: Os Cinco do Ciclo
Autora: Elias Flamel
ASIN: B075GZJBLR
Ano: 2017
Editora: independente
Disponível para compra: https://www.amazon.com.br/dp/product/B075GZJBLR
Informações adicionais:
Número de páginas: 556
Autora: Elias Flamel
ASIN: B075GZJBLR
Ano: 2017
Editora: independente
Disponível para compra: https://www.amazon.com.br/dp/product/B075GZJBLR
Informações adicionais:
Número de páginas: 556
Sinopse:
Yosef de Keltoi. Presenteado na infância, por uma de suas mães, com um tesouro de muitas páginas. Cresceu com pouco, encontrou o seu amor e ao lado dela teve que instigar uma revolução entre trabalhadores do campo. Sua vitória não foi perfeita, pois falhou contra os deuses que tanto venerava. Assim, o líder de uma vila pequena, e quase oculta entre os quatro cantos do mundo, vive o começo da sua velhice.
Não reclama de ter vivido muitos ciclos e é servo de um império que pintou de rubro nações que ousaram ser grandes. Sempre preocupado com o seu povo e com a sua família. Qual vem primeiro? É uma pergunta que necessita de tempo e páginas para ser respondida. Hitalo, o mais velho dos seus filhos, exige mais firmeza com os homens do campo. No auge da juventude, o divertido e criativo Yohan deseja provar para o seu pai que é um homem feito. Morgiana, companheira de luta, enxerga muito além do que os olhos podem ver e deseja alertar o seu amado Yosef a respeito de algo muito difícil de fugir.
Yosef parte para Numitor, sua viagem tem como destino a capital de todo o império, lar dos homens de togas brancas que praticam um culto conhecido pelas eras. E esses mesmos homens possuem legiões em seu poder. Era para ser somente mais uma viagem dos tributos, mas o homem comum ouve boatos que colocam em risco o seu lar, a sua cultura e as suas crenças. Uma ajuda é mais que necessária, mas aqueles que são os mais poderosos e dotados de uma sabedoria milenar começam a pedir socorro. Só Yosef, o líder, pode salvar o que tanto ama.
Ao tentar, é exposto o seu passado manchado, ele reencontra velhas amizades e conhece desejos guardados dentro do peito de um dos seus filhos. Sua vontade de ter o que tanto deseja fará Yosef se embrenhar pelas ruas do império. Será preciso conviver com ladrões, fardados de rubro, uma sociedade que ama a prata e o ouro e terá de lutar até mesmo contra a fúria da natureza.
Nota:
Resenha:
Primeira vez que li um livro do autor nacional Elias Flamel e trata-se de uma aventura sobre a sobrevivência de uma cultura religiosa que pode estar com seus dias contados, agora que o grande Império está conquistando terras e mais terras pelo globo e destruindo a crença em outros deuses que não o que eles mesmos cultuam. Mas, vamos aos poucos, pois acontece muita coisa no livro antes disso ficar mais claro.
Keltoi é uma cidade que vive isolada em um local pacato do mundo e que não possui problemas com ninguém. A economia dela gira em torno da produção e da comercialização do centeio. Todos que nela habitam trabalham no plantio e na colheita, salvo um ou outro que possuem umas profissões mais específicas (padeiro, costureiro e serralheiro), mas todos inevitavelmente tem um respeito muito profundo pelo que plantam.
Ela tem um líder, Yosef, que chegou ao "poder" com a ajuda de outros habitantes da cidade após lutarem para destituir o antigo chefe, um homem que estava ganhando dinheiro a troco do trabalho dos outros e que vivia no luxo, enquanto boa parte da cidade não tinha o que comer.
Desde que chegou ao poder, Yosef tenta ser justo com todos. Ele ainda mora na mesma casa e é tão humilde como os demais moradores. Tudo o que é conseguido com a venda do centeio nos portos é dividido entre todos os trabalhadores da lavoura de forma igualitária e justa.
Yosef, aliás, é casado com Morgiana, com a qual tem três filhos Hitalo, Yohan e Julian. Os dois mais velhos já trabalham com o centeio, enquanto o mais novo ainda é apenas uma criança de colo. Hitalo e responsável pela venda do centeio nos portos e tem uma personalidade um tanto quanto arrogante, que chega a ser bem diferente do pai, mas o respeita e o admira. Yohan parece aqueles adolescentes que se recusam a crescer, sempre tentando um jeito de sumir do serviço, mas chega o momento em que tem que demonstrar seu valor social e acaba sendo lúcido e integro, tal qual esperam seus pais.
Confesso que peguei um pouco de asco desse Hitalo. Não que ele tenha feito algo errado, longe disso, mas ele parece frio, calculista e tem a ideia de que como "pertencem a família do líder" deveriam ganhar mais que os outros habitantes. Na virada, as ideias dele não são diferentes do chefe deposto. A única diferença é que ele parece ouvir o lado de seu pai, um homem bom e justo por natureza, e acatar. Embora, particularmente, eu ache que foi o afobamento dele que levou a tragédia mais a frente. Acho que se ele não tivesse vindo com a neurose e eles tivessem continuado do modo em que viviam, enquanto buscavam aprender como se defender, as coisas teriam outro desenrolar, mas enfim...
Seguindo linearmente a trama. Yosef anualmente leva parte da colheita ao Império, isso é um tipo de "trato", então ele enfrenta um grande percurso em um navio para levá-lo para longe e honrar com a enrega, mesmo que ele não concorde, ele faz para que sua vila permaneça segura e não vire alvo pelo não pagamento anual. Hitalo, aliás, fica irritado quando não pode acompanhá-lo, pois acha que deveria poder ver como é o Império (já disse que peguei raiva dele, né? Então, nessa hora aqui que peguei, depois só aumentou).
No Império, Yosef é só mais um dos pagadores de tributo, ele encontra outros que fazem o mesmo caminho, mas apenas tem amizade com um livreiro daquela cidade, um antigo morador de Keltoi que mudou-se para o Império a fim de estudar e viver da venda de livros em sua livraria e também como escriba de um senador. Ele professa a mesma fé de Yosef e Keltoi, a fé nos cinco deuses do ciclo (que dá nome ao livro), mas parece que ele tem muito receio de admitir isso publicamente.
Quando na volta a Keltoi, Yosef é alertado pelo Hitalo que fanáticos religiosos estão destruindo os vilarejos que não seguem ao "deus único" e que eles precisam fazer algo contra isso. Yosef pensa inicialmente em fugir com a vila dali para preservar as vidas, mas Hitalo quer que confrontem os fanáticos. Já Yohan tem a ideia de pedir ajuda para se protegerem, pois eles são agricultores e não lutadores, o que acaba levando ao líder decidir que eles talvez possam mesmo fazer isso, sem pagar por ajuda como Hitalo sugere. Yosef acaba indo pedir ajuda ao Império, já que é pagador fiel dos tributos e crê que o mínimo que eles podem lhe fazer é auxiliá-lo, mas, bem, estamos tratando de pessoas e a coisa pode levar a um buraco muito mais fundo que isso.
Embora a ideia de ir ao Império seja de Yohan, a impressão que dá é que só chegam a ela por conta da cobrança de Hitalo em agir rápido. A meu ver, se eles tivessem se mantido alertas e começassem a treinar e fortificar a cidade, talvez houvesse muito mais chance de se defenderem no futuro. Bastava continuar pagando o tal tributo e se fazendo de tontos e estariam a salvo por um bom tempo ainda. Mas, não, vamos lá tomar medidas drásticas....
E aí, bem e aí a coisa desanda mesmo, como não poderia deixar de ser, já que bater na porta do Império, que é quem instituiu o tal do "deus único", é justamente contar para o inimigo que você está com medo e que não tem como se defender. É dar bandeira de que você não faz parte da mesma panelinha que ele, mas que como vem pagando certinho acha que deve ser defendido por ele. E, cá entre nós, política é uma situação de puxar o tapete de um e de outro e é pela política que se chega a guerra.
Acontecem muitas e muitas coisa e detalhes no decorrer da trama. Antes e após isso ainda há muitos detalhes, eu só dei uma pincelada para dar aquela curiosidade em vocês. Mas, confesso que, também preciso falar do que não gostei da trama, pois seria injusto da minha parte não contar o como a leitura foi um tanto quanto arrastada para mim, mesmo sendo um livro interessante.
O que mais me "atravancou" e me deu muita vontade de desistir da leitura por diversos momentos é que Yosef pensa demais e muitas situações (e até mesmo capítulos inteiros) chegam a ser totalmente dispensáveis e o pouco de informação contido neles poderiam ser colocado em outros, sem prejuízo da trama e dando muito mais dinâmica na leitura. Há muitos momentos em que a coisa toda parece não se desenvolver, como os vários capítulos que ele fica no mar apenas bebendo e conversando com o capitão, são muitos e não há muitas novidades neles, dava para condensá-los em apenas um, pois a repetição e a falta de mudança na cena torna a leitura cansativa e um tanto quanto repetitiva. O mesmo acontece em outras situações, como quando Yosef está com o livreiro e nada fora uma conversa entre amigos acontece.
Ou seja, o livro é muito interessante sim, tem seus altos e baixos, mas a meu ver tem sim como ser melhorado. Ele praticamente dá uma impressão de se ler algo no estilo de Tolkien, o que é muito bacana, mas confesso que em certas situações queria deixá-lo de lado.
A propósito creio que ele terá uma continuação, pois a trama não finaliza nesse, então quem for lê-lo já deve ficar atento para uma provável continuação em breve.
Adorei toda a sua opinião sincera.
ResponderExcluirAcho interessante quando um personagem provoca raiva ou qualquer outro sentimento negativo, isso mostra que ele é humano.
Vi que você enxergou as críticas políticas e toda construção do universo e isso é muito bom. Yosef é um velho pensador que adora conversar e reviver lembranças. Esse livro provocou muitas dúvidas no personagem principal, mas é encerrado com uma certeza. No próximo livro a ação pode prevalecer o pensamento rs
Agradeço imensamente pela leitura e abraços
(ser comparado ao Tolkien é algo maravilhoso, mas todo autor deve buscar a sua identidade)