Livro: "Sherlock Holmes e os Irregulares de Baker Street - A Queda dos Incríveis Zalindas (Caso 1)" por Tracy Mack e Michael Citrin

Título: Sherlock Holmes e os Irregulares de Baker Street - A Queda dos Incríveis Zalindas (Caso 1)
Título Original: Sherlock Holmes and the Baker Street Irregulars 1: The Fall Of The Amazing Zalindas

Autores: Tracy Mack e Michael Citrin
Tradução: Roberto Muggiati

ISBN: 978.85.01.07899-5
Editora: Galera Record
Ano de lançamento: 2008
Páginas: 208

Diagramação:
Texto: fontes diversas
Páginas: amareladas
Diagramação: simples
Capa: possui orelhas laterais e a capa é em papel fosco

Sinopse:
O maior detetive do mundo, Sherlock Holmes, é chamado para investigar o suposto acidente que matou três artistas de circo. Com a ajuda de um grupo de meninos pobres das ruas de Londres, o detetive precisa procurar pistas que os ajude a solucionar mais esse caso. O que ninguém esperava é que a queda dos irmãos Zalindas estivesse ligada ao roubo de um valiosíssimo livro do século XVII, que somente a realeza britânica tem permissão de ver.
Nota:


Curiosidade:

Deixe-me começar dizendo que nunca dei esta nota para um livro, mas que neste caso foi inevitável. A ideia da coleção é boa: usar os meninos de rua que "auxiliam" Sherlock em alguns casos da obra original (muito poucos, na verdade em uns dois ou três se me lembro bem das tramas de Arthur) como protagonistas.

Ou seja, os autores Tracy Mack e Michael Citrin tiveram uma ideia boa até. Eles usaram alguns nomes já conhecidos (ciados pelo Arthur Conan Doyle) e inventaram outros, mas poderiam ter feito algo tão bacana como a coleção de "O Jovem Sherlock Holmes" de Andrew Lane ou "As Aventuras de Enola Holmes" de Nancy Springer, porém o tiro saiu totalmente pela culatra (na minha opinião, que não quer dizer que seja uma verdade absoluta, mas minha nota também não esta diferente da nota dada por outros leitores lá no skoob, sabe? Então creio estar na média).

A leitura é chata, tediosa, cansativa e mesmo tendo um pouco mais de 200 páginas (apenas 208 no total). Sendo que quando um capítulo acaba na página ímpar há uma página par em branco para o capítulo seguinte começar em uma ímpar novamente e há introdução dos autores e extras no final. Ou seja... mesmo com todos esses recursos para "aumentar", ainda foi difícil seguir com a leitura e eu deixei os três extras lidos pela metade, por simples canseira do livro mesmo.

A dificuldade para avançar na leitura foi tanta, que levei 3 semanas para terminar. Comecei e acabei vários outros livros nesse meio tempo, enquanto me forçava a seguir com esse também. Mas, infelizmente, já que possuo o segundo livro terei que lê-lo também, pois ambos foram conseguidos por troca no Plus e não quero ter feito trocas em vão. E juro, vou fazer um esforço danado para gostar do seguinte, mas não garanto.

Aliás, a coleção na verdade era de quatro livros lançados lá fora, mas apenas dois deles foram lançados aqui pela Galera Record e aparentemente os outros dois não vão sair. Eles não respondem perguntas por e-mail de pessoas que não são seus parceiros, então, desculpe, não tenho como dar 100% de certeza, mas levando em conta que esse aqui saiu em 2008 e o segundo em 2011, parece bem improvável que lancem o terceiro e o quarto por aqui ainda.

Só para situá-los antes de começar a resenha. Os irregulares são descritos por Sherlock Holmes na obra original de Arthur Conan Doyle como "a força tarefa inconvencional", "os olhos das ruas" e ele pontua que eles estão por todas as partes, mas parecem ser invisíveis ao olhar, já que são muito pobres. É basicamente uma critica social camuflada e que é válida até os dias atuais (até mesmo no Brasil), onde milhões e milhões de garotos passam a vida nas ruas e praticamente são "invisíveis" aos olhos dos demais, já que a maior parte da população (que inclusive se diz "de bem" e "temente a Deus") finge não vê-los para não ter que dar uma esmola ou quando os notam é apenas para apontá-los como ladrões. Doyle usou as crianças vistas como "indigentes" como uma espécie de investigadores não regulares, ou seja, não frequentes, sem vínculo real de emprego e ao qual o próprio Sherlock não parecia tratá-los com deferência. Afinal, logo na primeira aparição deles na obra de Doyle, ele faz questão de pontuar que não quer eles bagunçando em sua casa e que dali para frente apenas o "líder" dentre eles iria falar com ele. O clássico, o que os olhos não veem, o coração não sente, certo?

Os irregulares, tem basicamente passe livre pelas áreas mais pobres e não chamam a atenção das demais pessoas, já que são órfãos, sem casa, sem família e que certamente estariam pelas ruas vadiando em busca de comida. Ou seja, nem os vilões da vez iriam notar aqueles pobres coitados perdidos por ali. E o que eles recebem de Sherlock são algumas moedinhas depois do serviço feito, além de eles não serem realmente mencionando como auxiliares para a polícia londrina na obra original (já que como órfãos deveriam ser levados a abrigos, mas os autores desses livros parecem não ter se tocado nisso e eles aparecem em meio aos policiais que nada fazem para levá-los para abrigos temporários, simplesmente ignorando suas existências).


Resenha:

No total são 8 (+1, que já explico) meninos de rua que vivem em um prédio abandonado, uma antiga fábrica de carroças, a muito deixada para trás por seus antigos proprietários. Sem mães, sem pais ou qualquer outro tipo de parentes que possam zelar por eles. Alguns já fugiram de orfanatos pela forma em que eram tratados. Unidos na pobreza extrema. Quando não estão "trabalhando para Sherlock em um caso", eles tem que economizar suas moedas para ter o que comer. Aliás, é de partir o coração de ver que eles tem um saco de batatas para dividir entre eles e eles a espetam no fogo para comer.

Tudo que cada um deles possui é um cobertor, a fome e uns aos outros. O "líder" deles, Wiggins (real criação de Doyle) é o rapaz mais velho e que praticamente zela por eles. É ele quem conversa com Sherlock e é ele quem "aceita" novos garotos ao bando. É assim que o órfão Ozzie, que perdeu sua mãe mas trabalha praticamente como escravo de um escrivão, que o espanca e o deixa passar fome, ao grupo de garotos por sua astúcia. Mas, diferente dos demais, ele continua morando com seu algoz, pois tem a doce ilusão de que um dia possa encontrar uma avó perdida.

Ozzie não sabe quem é seu pai, já que sua mãe morreu sem dar-lhe essa informação. A pobre senhora pagou para Crumbly, ainda em vida, para que o escrivão cuida-sede seu filho e o ensinasse uma profissão digna. Em tese, Ozzie deveria ser treinado para ser um escrivão ou copista, mas, na verdade, a troco de moradia e um nada de comida, ele é tratado como cão e faz todo o tipo de serviço, menos o que deveria fazer. isso até que um dos copiadores decide ver o que Ozzie é capaz, e descobre que o garoto manja muito de cópias e que pode ser um bom falsificador.

E é ai que a coisa desanda de vez. Já que o patrão dele descobre que pode explorar Ozzie ainda mais, mantendo-o para falsificar livros e sem gastar um único tostão. Mas quando o patrão sai para encher a cara, o menino foge e se encontra com os amigos na rua, é assim que ele acaba ouvindo falar de Sherlock Holmes, tratado como "o mestre" pelos meninos, e quer poder trabalhar para ele e juntar algum dinheiro para tentar encontrar sua avó e seu pai.

Sherlock acaba sendo contratado pela coroa para recuperar um livro roubado. Trata-se do livro dos Stuart, uma obra com capa em ouro e cravejada de pedras preciosas (e que eu acho que deveria pesar muito, se fosse real, mas meninos raquíticos a pegam como se fosse um caderninho) com mais de 800 páginas, onde os reis escrevem e passam para a nova geração de reis. Na teoria, a obra deve conter segredos de estado seríssimos, assim todos acreditam ser.

Pararelo a isso, um circo esta na cidade e seus acrobatas (os Zalindas) caem em meio a um espetáculo do alto da corda bamba para encontrar sua morte no chão. Parece um caso onde a corda estourou, mas ele se mostra bem mais complexo que isso. Na medida em que eles descobrem que um deles sumiu antes com uma jovem e que os Zalindas pareciam ter negócios escusos, além de os Jones (outra família do circo) querer a todo custo roubar o lugar dos acrobatas para si.

Em tese, a obra seria sim muito bacana. O que mata é a forma no qual ela é escrita. Os autores parecem ignorar que para Lestrade e a Scotland Yard ver órfãos desvalidos trabalhando para Holmes a troco de moedas não é digno, eles nem se dão ao trabalho de levá-los a um orfanato, simplesmente parecem nem notar a existência das crianças e fica por isso mesmo.

Desdes 9 meninos, apenas 4 tem nomes de fato e participam da ação, os outros nem mesmo foram nomeados ou descritos. Parece sem sentido criar 9 personagens e não dar no mínimo nomes ou motivos para eles. Ok, pode ser que eles sejam usados nos outros livros, as pelas sinopses, acho pouco provável.

No circo, Ozzie acaba fazendo amizade com a filha da cigana, uma garota chamada Pillar que tem habilidades bem peculiares e que tenta se juntar a turma a todo custo, mas é tratada como nada tanto pelos 8 meninos de rua quanto pelo próprio Sherlock Holmes. Aliás, só Ozzie parece acreditar que a menina é capaz, mas mesmo assim ele não parece ser muito firme nessa crença não. E embora Pillar praticamente seja quem soluciona o caso para Sherlock, não vemos nem um agradecimento do detetive a ela, só uma comparação besta de que ela parece a Irene Adler em sua auto suficiência, mas "obrigado" que é bom nada, né?

Ou seja, não é que eu tenha achado a trama ruim, mas a forma que foi escrita é bem descuidada. Sherlock parece alguém que mesmo vendo crianças morando em um lugar onde não há nem um colchão, já vai querendo que outro more lá também, não parecendo nenhum pouco preocupado com o bem estar deles. Ok, nós sabemos que ele não é sentimental, mas também não é alguém que está se lixando para a vida dos que o ajudam também, né?


Outras obras da coleção:
- Sherlock Holmes e os Irregulares de Baker Street - A Queda dos Incríveis Zalindas (Caso 1)
- Sherlock Holmes e os Irregulares de Baker Street - O Mistério do Fenticeiro (Caso 2) Em Breve


Comentários