O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Lenita Maria Rímoli Esteves & Almiro Pisetta
Editora: Martins Fontes
ISBN: 978-85-336-1337-9
Informações Técnicas:
Fonte: Times New Roman
Papel: Chambril Book 75g/m2
Impressão e acabamento: Cromosete
Páginas: 434 + apêndices com mapas da Terra Média
"Três Anéis para os Reis-Elfos sob este céu.
Sete para os Senhores-Anões em seus rochosos corredores,
Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam."
Primeiro: Se você ainda não teve a oportunidade de ler uma das obras do Mestre Tolkien, nunca é tarde para mergulhar de cabeça no mundo incrível da Terra Média. Segundo: se pretende ler a saga d'O Senhor dos Anéis, sugiro ler O Hobbit antes, para que sua experiência seja plena. Terceiro: se você, como eu, leu LOTR antes de conhecer a aventura que levou Bilbo Baggins até Erebor, a melhor coisa que pode fazer é se lançar mais uma vez na missão de Frodo e companhia.
"A Sociedade do Anel" se torna uma obra mais encorpada e cativante quando se tem conhecimento dos fatos que levaram à Batalha dos Cinco Exércitos. Thorin, Balin, Erebor, Esgaroth, Valle (ou Dalle, na versão original) e a Floresta das Trevas deixam de ser apenas simples menções de uma história anterior para se tornar parte de um todo. Você sofre e se emociona a cada vez que um dos personagens de O Hobbit é mencionado, e se encanta pelo modo como eles não deixam de fazer parte do que acontece no "agora", mesmo que tenham perecido muito tempo antes.
O primeiro volume da saga do Um Anel se passa sessenta anos após o retorno de Bilbo ao Condado. Ele está prestes a completar "onzenta e um" anos, e uma grande festa está sendo organizada na Vila dos Hobbits para marcar a data, com direito a muitos e muitos convidados, diversos presentes a serem distribuídos e um delicioso jantar. A única coisa que nenhum dos convidados esperava era o desaparecimento repentino de seu anfitrião.
Foi assim que o Anel de Poder chegou às mãos de Frodo, como parte da herança deixada por Bilbo. E nas mãos de seu novo dono ele permaneceu oculto por vários anos, enquanto a vida seguia seu curso no Condado.
A narrativa de Tolkien é bastante detalhista, e em vários momentos é pontuada com poemas e canções que remetem à Eras muito anteriores. Ele criou todo um universo repleto de histórias e personagens fortes e marcantes, com um passado rico, vários heróis e inimigos perversos, que são trazidos à narrativa de quando em quando.
Após conhecermos Frodo e seus companheiros inseparáveis - Samwise, Meriadoc e Peregrin -, somos apresentados a Passolargo, o guardião que é também descendente de grandes Reis; Elrond, o Senhor élfico de Valfenda ( ou Rivendell, na versão original); assim como Gimli, Legolas e Boromir - respectivamente um anão, um elfo e um homem do reino de Gondor -, que viriam a se tornar membros da sociedade do Anel, à qual também incluimos o mago Gandalf.
Além disso, a leitura reserva agradáveis surpresas para aqueles acostumados à versão cinematográfica da história. Temos as identidades dos pais de Frodo, por exemplo, e seu grau de parentesco com Bilbo. Descobre-se que Elrond não é pai apenas de Arwen, a Estrela Vespertina, como também de Elladan e Elrohir. Descobrimos também que Dáin ainda reina Sob a Montanha e que os descendentes de Bard, o arqueiro, governavam Valle, fazendo-a prosperar cada vez mais.
Adiante, somos levados junto com a Comitiva do Anel por milhas e milhas, enfrentando intempéries e inimigos. Durante a jornada, até mesmo as montanhas parecem ter vontade própria, fazendo o possível para impedir a travessia do grupo. Tal é a má vontade de Caradhras, que a comitiva se vê obrigada a seguir pela escura passagem das minas de Moria, um antigo reino anão.
E mais uma vez, a narrativa de Tolkien é tão rica que nos possibilita imaginar em detalhes os vários cenários por ele descritos, mesmo que estejam mergulhados em sombras. Está tudo ali, ao alcance dos olhos: a imensidão de Moria e o silêncio que ali reinava; a descoberta do túmulo de Balin e do livro descrevendo o sufoco dos últimos momentos dos anões, na caligrafia apressada de Óri; até o som dos tambores ressoando pelos longos salões e corredores, deixando clara a presença de um grande número de orcs por ali, assim como de um mal ainda maior: um balrog, chamado também de "a ruína de Durin" pelos anões.
É nesse cenário de fogo e sombras que damos adeus a um dos membros da Comitiva, ao menos por hora.
Deixando Moria para trás, a comitiva alcança a floresta dourada de Lothlórien, lar de Celeborn, Galadriel e dos galadhrin, o povo élfico das árvores. Ali o tempo parece correr mais devagar, pois os dias são amenos e dourados, mesmo no inverno.
Por conta disso, a despedida à Lothlórien se torna tão dolorosa para Comitiva, pois seus membros se sentiam em paz e segurança naquele lugar encantado. E francamente, ninguém pode culpá-los por não quererem partir, não é? A descrição de Tolkien nos apresenta um reino mágico, onde o passado glorioso ainda pode ser visto. O mundo fora dos domínios da Senhora Galadriel parece mais cinzento e triste, e a decisão iminente de "para onde vamos quando deixar-mos Lothlórien?" parece não agradar nenhum deles.
O desfecho dessa primeira parte da trilogia se dá após a Sociedade do Anel dizer adeus ao reino élfico e encarar o grande rio, onde, há várias milhas de distância, o grupo é surpreendido por um bando de orcs de Isengard. Ali, a comitiva se separa e o portador do anel - junto de seu fiel escudeiro - segue para as terras escuras de Mordor, decidido a cumprir seu destino, ou morrer tentando.
A narrativa termina com o destino de todos os personagens em aberto, e torna-se quase impossível não correr para a continuação da história em As Duas Torres. Mas este é um assunto para outra hora...
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