Livro: "O Trem Perdido & Outros Contos Sensacionais" por Arthur Conan Doyle

Título: O Trem Perdido & Outros Contos Sensacionais
Autor: Arthur Conan Doyle
Tradução: Fernando B. Ximenes

ISBN: 85.3.033016-1
Ano: 1984
Editora: Ediouro

Informações adicionais:
Número de páginas: 140
Tipo de diagramação: simples, com abres dos contos em uma fonte negrita
Cor das páginas: brancas
Fonte: agradável para a leitura e tamanho satisfatório
Capa: em papel normal, fosca, sem orelhas


Sinopse: 
O interesse de Sir Arthur Conan Doyle pelo crime e pelos criminosos, pelo mistério e pela dedução, ia além de Sherlock Holmes. Tanto antes quanto depois da invenção de Holmes, ele escreveu diversas histórias excelentes, muitas das quais permanecem imerecidamente esquecidas. Elas têm todo o direito de receber a atenção do leitor que procura um bom conto para ler e também do pesquisador da obra de Sir Arthur. As histórias desta coleção foram escritas entre 1879 1898. Embora Holmes e o Dr. Watson não apareçam nelas, algumas revelam semelhanças notáveis com as aventuras dos dois detetives. "O Gato Brasileiro" tem paralelos fortes com a aventura de Holmes intitulada "O Polegar do Mecânico". "O Mistério de Sasassa Valley" e, principalmente, "As Recordações do Capitão Wilkie", são curiosamente sherlockianas. Entretanto, muitas destas pequenas obras-primas, como é o caso de "Na Casa do Tio Jeremy", "O Parasita" e "Tiro Final" - nas quais a percepção lenta de uma tragédia iminente empresta interesse à narrativa - se afastam bastante do estilo normal de Holmes. Outras dependem do humor para a transmissão de sua mensagem, e o detetive de Baker Street era um homem notoriamente desprovido de senso de humor. Outras histórias mais tratam do sobrenatural, como é o caso de "Lote Nº 249", e Holmes rejeitava com firmeza a intervenção de quaisquer fatores externos ao reino humano. Depois de 1899, Conan Doyle desistiu de escrever histórias assim. Eis, portanto, a nata da obra curta de mistério, crime e terror de Sir Arthur Conan Doyle. Fazem parte deste volume os seguintes contos: O Trem Perdido; O Parasita; Na Hora de Escolher um Fantasma; O Caçador de Besouros.

Resenhas:

Inegavelmente se trata de um livro bem antigo, afinal 1984 são 33 anos lá atrás, não é mesmo? E, bem, dizer que as páginas eram brancas é mera força de expressão, já que qualquer exemplar dele que ainda exista (mesmo os mais bem cuidados) vão estar com uma tonalidade amarelada.

Porém, vamos e convenhamos, livros são peças atemporais e, tal qual eu aprendi em Jornalismo, enquanto existir uma única fonte com essa informação, ela será eterna em seu tempo e espaço. Sendo assim, para esclarecer-me (caso ainda não tenha ficado claro) dedico-me a resenhar também livros antigos, que podem ser encontrados em sebos ou bibliotecas.

Este aqui, aliás, foi encontrado na Biblioteca Municipal Origenes Lessa, na cidade de Lençóis Paulista, interior de São Paulo. Um lugar com um acervo de livros fabuloso e com um cuidado para guardar suas obras que deveria ser imitado por todas as bibliotecas da região (viu, Jaú? Por favor, é assim que se cuida de livros! Não "molhando os velhos e jogando fora" como papel reciclavel!)

Alguns contos eu já resenhei anteriormente no blog, pois essas coleções de contos trazem contos diversos do autor, porém, há outros que ainda não deram as caras por aqui e valem muito a leitura. Aliás, lembram de "O Parasita"? Aquele que eu comprei em uma tradução "automática" na Amazon e quebrei a cara? Então, nesse livro ele saiu em uma tradução impecável e perfeita, então merece sem dúvida a procura para lê-lo.

1 - O Trem Perdido  - Nota: 5

Erroneamente esse conto foi atribuído a um livro (que hoje já é antigo também, no entanto) mais novo que esse chamado "As Aventuras Inéditas de Sherlock Holmes" como se fosse um conto do detetive, porém ele não é. Aliás, já cheguei a resenhar este livro aqui antes e a comentar. No conto, um trem particular é pago por uma figura misteriosa, mas desaparece sem deixar vestígios. Um detetive que mora naquele que posteriormente viria a ser o endereço de Sherlock, mas com outro nome, é quem ajuda na elucidação do caso.

2 - O Parasita  - Nota: 5

Quem segue o blog deve lembrar da minha tentativa frustrada de ler esse livro anteriormente e que foi postada aqui. Na época, eu não sabia que ele havia sido lançado em papel anteriormente e fiquei muito feliz por encontrá-lo neste livro e finalmente poder lê-lo (tanto que até estou atrás de comprar ele na estante virtual).

Gilroy é um homem da ciência, professor notável, cético e irredutível a suas escolhas e decisões, para ele tudo deve ser provado pelo crivo científico e nada deve ser levado em conta se não puder ser provado. É em uma festa que seu amigo Wilson, homem de "igual valor", mas com a mente um pouco mais aberta ao novo o apresenta a Miss Penclosa (que no livro está como Miss Penelosa), uma mulher de características frágeis, manca e sem atrativos de beleza (segundo a narração do autor, não o que eu penso, é claro) que se diz capaz de "hipnotizar" pessoas com o poder de sua mente.

Vale pontuar, e o próprio conto o fazem determinado momento, que nessa época as mulheres eram tratadas pelos homens como seres inferiores e de pouca inteligência, as sufragistas eram descritas com ares de deboche pelos homens e horror pelas mulheres "de bem" (as casadas e que viviam nas rédias curtas dos maridos, muitas vezes apanhando e seno inferiorizadas nessas tramas). Logo, Gilroy faz questão de dizer que só acreditará em hipnotismo de uma mulher que realmente tiver a "inteligência superior a média feminina" e que não seja "facilmente manipulada", sendo sua noiva, Agatha, a escolhida de cobaia.

Miss Penelosa faz movimentos ritmados com a mão e induz Agatha a uma espécie de transe, onde Gilroy tenta falar com ela e a moça não o responde de forma alguma. Posteriormente, a ilusionista o faz e Agatha responde prontamente. Ao voltar a si, a moça hipnotizada não parece se lembrar de nada o que se passou, fora as sensações inciais e o acordar.

Gilroy não parece muito convencido, mas a hipnotista faz questão de deixar-lhe um papel com instruções de que o leia no dia seguinte as dez horas da manhã. E, como ele realmente não parece ter colocado fé no "show", não o lê posteriormente e só lembra do dito papel após Agatha aparecer em sua casa as 9:30 da manhã e dizer que quer cancelar o casamento, sem dar maiores explicações. A moça é o amor da vida dele e o rapaz quase pira, mas ao lembrar do papel e pegá-lo para ler descobre que o que a noiva fez foi ordenado pela hipnotista em seu transe.

Ele tenta tirar a prova com a noiva e posteriormente procura a hipnotista para falar do ocorrido. O acontecimento realmente o deixa fascinado e isso o faz querer testar a hipnose em si mesmo, pois crê que seu cérebro seja muito mais difícil de ser manipulado e espera narrar os sentimentos psicológicos de como alguém que passa por tal processo se sente. Mas, claro, esse é um livro de contos de terror e este aqui se chama justamente "o parasita", então espere para ver o como o plano do moço vai acabar dando terrivelmente errado.

É interessante notar neste conto que Doyle chega a fazer uma espécie de chacota com o espiritualismo, religião que ele começava a pesquisar e que posteriormente viria a crer nela com o tempo, abandonando o catolicismo.

3 - Na Hora de Escolher um Fantasma  - Nota: 5

Um dos contos mais divertidos e, ao mesmo tempo, macabros do autor que eu já li. Já começa pelo título que sugere uma comédia e o como os protagonistas Mr. Silas D'Odd e sua esposa se comportam lembra-nos uma comédia pastelão, mas que com o tempo ganha outros contornos.

Esse é mais um conto no qual Arthur Conan Doyle dá aquela alfinetada de leve sobre a veracidade do espiritualismo e usa do mote para criar uma trama que começa divertida, mas que em algum momento (em que não conseguimos nos dar conta)muda seu rumo pra outro caminho de forma tão gradual que nem percebemos.

Miliário excêntrico e de gostos duvidosos, Mr. D'Odd sempre quis uma casa que desse inveja aos outros. Ele conseguiu uma bela construção, antiga e bem conservada, além de resgatar o "brasão" da família e tornar-se alguém "de nome" entre o povoado. Mas uma coisa anda deixando-o desgostoso da vida e é o fato d um vizinho ter um fantasma em sua propriedade e ele não (!).

D'Odd chega a mencionar que se sente traído por comprar uma casa antiga e não ter vindo com seu "próprio fantasma", que isso é quase uma afronta, e sua mulher o sugere que fale com seu irmão (que para mim pareceu ser um agiota espertalhão pelo modo que falam dele) para que arrume um fantasma para eles.

Como não gosta muito da "esperteza" do cunhado, ele chega a desgostar da ideia, mas acaba convencido e o procura. E, não é que o rapaz vai mesmo dar um jeitinho na situação? Juro que conforme a leitura vai fluindo eu cheguei a imaginar outros finais, mas o que esse conto teve também foi bem interessante. Aliás, não sei o motivo de um conto tão bom não ser relançado ainda. Definitivamente, uma pena.

4 - O Caçador de Besouros  - Nota: 5

Dr. Hamilton esta precisando de dinheiro, mas a recém formatura e a falta de clientes é uma situação complicada de se transpor. Sendo assim, ele está aberto a qualquer tipo de emprego que possa aparecer no momento, desde que não seja desonesto e que lhe pagem bem por isso.

É lendo os "classificados" que ele fica sabendo que estão procurando um médico, de porte forte e que seja entusiasta por besouros para uma entrevista, em um emprego que diz ser bem remunerado, porém um único serviço, com data para acabar. Mesmo que não seja algo mais concreto, ele decide aceitar o desafio, afinal as contas já estão se acumulando.

Fã de besouros, ele tem sua própria coleção e acha curioso procurarem tais especificações tão distintas para um trabalho. Porém, que mau há em se tentar, não é mesmo? E é após a entrevista com um senhor que ele fica ainda mais tentado a tentar, afinal o salário será muito bom e ele poderá conhecer um homem que é "a grande autoridade" das pesquisas sobre besouros da época. Mas, desde já ele está ciente que há algo meio sinistro por trás desse trabalho e até lá chegar não receberá nenhuma informação adicional de seu contratante.




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