Livro: "A Verdade de Cada Um" de Zibia Gasparetto, pelo espírito Lucius

Título: A Verdade de Cada Um

Autora: Zibia Gasparetto, pelo espírito Lucius

ISBN: 978.85.7722.378-7

Ano: 2014

Editora: Vida e Consciência

Gênero: Romance Mediúnico, Espírita, Romance


Informações adicionais:
Número de páginas: 520
Tipo de diagramação: abres de capítulos simples, a diagramação do texto é em fonte serifada e de tamanho agradável para a leitura.
Cor das páginas: brancas
Fonte: serifada, agradável para a leitura e tamanho satisfatório
Capa: brochura brilhante, com orelhas laterais.


Sinopse: 
Elisa é uma mulher apaixonada pelos três filhos e o marido. Eugênio, seu esposo, é seduzido por outra mulher e decide abandonar a família, embalado pelas ilusões da paixão. Ela fica desesperada e envolve-se em um acidente. Eugênio se vê sozinho com os filhos e começa a perceber que a vida tem seus próprios caminhos para colocar tudo em seu devido lugar.

Nota:


Resenha:

Só para começar:as sinopses dos livros da Zibia Gasparetto nunca fazem um verdadeiro jus a obra. Para ser bem honesta, tudo que essa sinopse fala acontece nos dois primeiros capítulos e a trama toda do livro (bem mais interessante do que a sinopse aparenta) fica de fora. Sendo assim, vou tentar corrigir um pouquinho essa injustiça, já que eu mesma não dava nada para o livro e após comprá-lo deixei mais de um ano paradinho na estante por não ficar realmente entusiasmada com essa sinopse, sabe?

Sim, o livro começa focado em Elisa e seu casamento com Eugênio. Juntos eles tem três filhos pequenos, casa própria e ele é o único que trabalha fora, já que após o casamento fez questão que a mulher "cuidasse apenas dos filhos". Mas não para por aí não.

Vamos colocar as cartas na mesa e falar de vez que essa é uma trama sobre um relacionamento abusivo (a própria Elisa depois toma ciência disso ao rever o que aconteceu em sua vida), que mostra como os gaslighting acontece e a vítima não vê (ela é levada a acreditar sempre que o que Eugênio diz é a verdade, que ela deve ter se enganado), um livro sobre: como é fácil o homem aprontar poucas e boas e depois virar as costas e seguir sua vida, deixando todo o fardo para a mulher carregar sozinha.

Para ser bem sincera, fiquei bem impressionada ao ver a nota tão baixa que ele tem no skoob, já que para mim ele ganhou até um "coração" no final. Não que eu tenha ficado feliz com alguns acontecimentos, mas ao focarmos nas histórias de vida das personagens femininas (e deixando de lado o machista do Eugênio e privilégios de protagonista da trama) vamos ver coisas que cabem no dia a dia de muitas mulheres que conhecemos.

Aliás, já que ele foi relançado com essa capa lindona e vive em promoção no site da editora, é uma boa para dar para aquela amiga sua que está em um relacionamento abusivo e não percebe, sabe? Talvez olhando bem para Elisa, ela se dê conta de que ela mesma esta caindo no erro dela.

Enfim, voltando a trama. Eugênio gasta quase todo o seu dinheiro consigo: roupas caras, encontros com mulheres, amantes, bebidas e por aí vai. Enquanto o dinheiro mina para seus prazeres, em casa, Elisa tem que racionar até o doce dos filhos e aí se não tiver a cerveja gelada do "maridão", hein?

Ela chega ao ponto em que vive epenas para limpar a casa, cuidar dos filhos e que se priva de tudo (de uma roupa bonita, maquiagem ou até um corte de cabelo), já que Eugênio sempre diz que ela gasta demais e que ele tem que fazer horas extras na firma (enquanto na verdade está na farra) para pagar os gastos dela.

Infelizmente, ela realmente acredita que tudo seja culpa dela e vai cada vez mais aceitando e se retraindo. Afinal ele pinta um quadro de que ele é "o ser maravilhoso" que atura a mulher esbanja, aquele que tenta controlar o orçamento e contornar a situação até que "fica insustentável viver assim". Então ela acaba sendo levada a acreditar que a culpa deva ser dela mesmo quando ele chega e diz na lata que está saindo de casa para se casar com outra.

Mas a desculpa dele para o fim merece ser compartilhada: já que ele "foi forçado" a arrumar amor fora de casa, já que não conseguia mais amá-la, era "como estar casado com uma irmã" (!!!). Chega ao cúmulo de pontuar que ela não se cuida, está sempre mal arrumada, não está cheirosinha e "fogosa" pra ele. E,sim, meus queridos e queridas, que ele tentou tanto continuar na relação, mas não conseguiu, né? Já que tem suas necessidades masculinas e precisa de alguém que as suprisse.

Sim, o cara chega para a mulher que fez das tripas coração por ele e fala sem um pingo de remorso que já arrumou uma malinha e vai sair de casa, que já vai preparar a papelada do divórcio e que ela cuide das crianças, pois "a nova mulher da vida dele" nem tem essa obrigação. E, aliás, ele vai suprir sim as necessidades das crianças, claro que vai pagar tudo delas, mas ele merece ser feliz, né? E com ela junto não vai dar.

Sabe quando você quer entrar no livro e esganar o personagem? Então, é exatamente isso que eu queria fazer, já que o drama de Elisa não é diferente da situação de muitas e muitas mulheres Brasil a fora. E sabe o que a sociedade faz por elas? As julga como culpadas mesmo e ao homem dá palmas nas costas e torce por sua felicidade. Temos que falar sobre as Elisas, ler sobre elas e fazer com que as Elisas que conhecemos saibam que são Elisas também, sabe?

Ela, claro, não quer acreditar, já que sempre fez tudo por ele, sempre se sacrificou. Ela acaba achando que é apenas um trote bobo e que ele vai voltar. Chega a fazer o jantar que ele mais gosta e a ficar esperando ele com a mesa posta. Quando ele não chega, ela coloca os três filhos na cama para dormir e continua esperando.

Só pelas tantas da madrugada é que ela começa a cair em si, ela percebe que sua irmã Olívia (o perfeito oposto dela, uma mulher independente, com seu trabalho, apartamento e aspirações) tinha razão em todas as vezes que tentou alertá-la sobre o como ela estava se anulando demais pelos outros. Isso a deixa ainda mais agoniada e perdida e a faz sair para a rua, sem rumo. Deixando as crianças trancadas em casa e andando sem olhar a rua, o que inevitavelmente acaba sendo seu final. (Adendo importante: não é spoiler saber que pessoas morrem em livros espíritas, já que é após a morte delas - geralmente nos primeiros capítulos - que a trama se desenvolve, ok? Morte em livros espíritas estão neles com propósitos).

Descobrimos, aliás, que Olívia e Elisa eram órfãs, e que se tornaram muito unidas com a morte dos pais. Mas que enquanto Elisa seguia a cartilha dada pela mãe de "mulher exemplar é a do lar", Olívia escreveu sua própria história e se relaciona com quem quiser, mas com medo de levar qualquer relacionamento adiante, já que vê o como a irmã é infeliz e nem se dá conta disso.

No dia seguinte, as crianças acabam ligando para a tia ao s darem conta de que estão sozinhas, trancadas em casa e que não há sinal da mãe. É de coração partido que Olívia (após conseguir entrar com a ajuda de vizinhos) vê que a mesa da cozinha estava posta, a comida nas panelas e que a cama da irmã não havia sido desfeita. Como conhece bem o quão responsável a irmã é, ela não demora para perceber que a situação é mesmo grave.

E, bem, isso é só o começo da trama, já que Olívia vai descobrir o quão preguiçoso pode ser o cunhado (ele tenta empurrar os próprios filhos para que ela cuide, como se fossem peça de mobília velha) e claro que ela o culpa pela morte de sua irmã, mesmo ele se fazendo de sonso ao falar que seu erro foi ser honesto, já que chegou em Elisa e falou a verdade, que não queria mais ficar casado com ela e tinha outra.

Mas, vamos lá, é bem prazeroso ver o como Eugênio vai aprender com seus erros, o como a vida dele não será tão fácil como ele imaginava e qual era o real valor de Elisa. A única coisa que me chateou foi que eu ainda acho que faltou ele assumir mais os erros que cometeu para si, já que as vezes o texto peca tentando mostrar que ele não errou sozinho, mas atribui mais culpa a Elisa do que ao verdadeiro culpado da coisa toda.

Se vale a leitura? Claro, e serve grifar os textos antes de emprestar o livro também para aquela sua amiga, sabe? :D





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