Livro: "A Execução de Sherlock Holmes" de Donald Thomas

Título: A Execução de Sherlock Holmes - Novas Aventuras do Detetive Mais Famoso

Título Original: The Execution of Sherlock Holmes: And Other New Adventures of the Great Detective


Autor: Donald Thomas
Tradutor: Anke Schüttel
Editora: Elevação
Ano de publicação: 2009
ISBN: 9788575131282
Gênero: Ficção Biográfica (segundo a catalogação do livro, embora eu ache que "Policial" ou "Investigação" fossem termos melhores)



Informações adicionais:
Número de páginas: 352
Cor das páginas: brancas (logo falo mais delas)
Fontes: pequena e (infelizmente) enfeitada demais para ser usada em todo o texto (logo falo mais disso também)
Tipo da diagramação: abre de capítulos simples, mas bem feitos; primeira página do livro com uma imagem muito bem feita do personagem


Resenha:

Donald Thomas não é Arthur Conan Doyle, mas ele tentou agradar, e tentou com muito afinco, mas infelizmente não deu tão certo o tempo todo... ao menos para mim.

Eu não conheço outros trabalhos de Donald Thomas, então já começo essa resenha pedindo desculpas a quem os conhece se eu estiver sendo injusta com o autor de alguma forma, está bem?

Contar histórias de personagens tão celebres como Sherlock Holmes, John Watson, Sra. Hudson e alguns dos policiais da Yard inventados por Arthur e tentar ser conciso e totalmente fiel aos originais é algo realmente trabalhoso. Basta-se ter em vista de que até uma história ruim, se criada pelo autor original, sempre será lida com melhores ressalvas aos olhos dos fanáticos do que uma boa história escrita por outro autor.

Eu não faço o tipo que odeia outros autores escrevendo Sherlock, na verdade amo a coleção do Jovem Sherlock Holmes e A Casa de Seda, acho que são tão perfeitas quanto às histórias do autor original, mas não consegui gostar tanto deste livro aqui...

E para avalia-lo eu terei que dividir um pouco essa resenha para expor todos os meus motivos:

capa da versão nacional, mais bonita que a original
Capa, título e subtítulo:

Preciso começar falando do título, na verdade, do subtítulo: no original "And Other New Adventures of the Great Detective", que ao pé da letra seria "e outras novas aventuras do grande/famoso detetive"; mas que foi traduzido com "Novas Aventuras do Detetive Mais Famoso".

Eu não sou daquelas fanáticas que querem tudo ao pé da letra, mas vocês concordam comigo que o "Mais" ali soou estranho? Sim, para mim dá a impressão de que terá um complemento depois da palavra "famoso", algo como "do mundo", "da literatura", "de Londres", "da casa da mãe Joana", enfim! O fato é que o subtítulo (que não precisava nem ao menos existir na nossa versão) soou muito vago e desnecessário para mim.

primeira página
Para ser ainda mais honesta, a impressão que eu tenho é de que apenas colocaram nos pés da palavras "Holmes" o número de palavras que preencheriam uma linha exata, que iniciasse no H e terminasse S.

Ou seja, parece que a frase até pode ter sido escrita correta, mas alteração vai, alteração vem, e foram comendo as palavras até que não perceberam mais ao certo o que estava escrito ali e foi assim mesmo!

Mas, fora esse deslize no subtítulo, eu tenho que dizer que acho a capa muito bonita. A fato de fundo, a coloração aplicada nela, as fontes e cores utilizadas para o título e o (fatídico) subtítulo, se casam muito bem, totalmente harmônicas aos olhos de quem vê. Chega a ser muito melhor do que muitas capas das séries originais de Arthur Conan Doyle. Até dá pra entender como o subtítulo passou assim batido, né?A beleza confundiu o diagramador no final. :D


Diagramação do texto:

abre de capítulo/conto
Um ponto seguinte é a diagramação do miolo do livro: ou seja, as páginas com o texto em si. Um ponto bem negativo é a cor da página: elas são brancas!

Quem gosta de ler com frequência sabe que essa coloração de folhas não é muito agradável aos olhos. Ela faz com que a vista canse e com que você leia em um ritmo mais lento, independente a história ser boa. Você não aguenta ler várias páginas sem parar e acaba parando por canseira mental ou dor de cabeça.

Outro ponto que não ficou legal foi a gramatura do papel. Pelas fotos que estou colocando no post, vocês podem ver que de tão fino que ele é dá para enxergar as letras do verso! Isso sim contribui ainda mais para cansar a vista, até das pessoas mais insistentes!
início de conto

Mas há pontos positivos na diagramação sim, calma!

Um deles fica por conta dos abres de capítulo/conto. Por ser um livro com vários "contos", eles tiveram o cuidado de demarcar muito bem o início de cada um com uma página inicial bem bacana de "abre".

Também tomaram o cuidado de demarcar no topo da página direita sempre o título da história em que você está lendo, assim não há o perigo de você deixar seu marcador cair e ter que procurar horrores a história em que estava no desespero, caso você tenha esquecido o número da página.

detalhes: Q enfeitado e outros
Porém, há mais um pontinho negativo na diagramação (vocês com certeza estão me achando chata, oh Deus... desculpe, mas eu tenho que falar). Eu não sei qual foi a fonte utilizada para a história, não é informado na última página do livro (como é de costume as gráficas fazerem), mas além de ela ser pequena, eles optaram por uma fonte muito cheia de "frufrus" NA HISTÓRIA TODA! Sim! O texto todo é escrito em uma fonte que deveria ter sido utilizada só nos títulos...

O espaçamento das linhas ficou prejudicado com essa fonte, já que letras como o "Q" maiúsculo fazem um arabesco enorme na parte de baixo em muitos casos. Uma fonte mas simples para livros teria sido melhor, já que a cor do papel e a qualidade dele já não eram muito boas.


Contos:

Como eu disse, eu não gostei de todo o livro, mas, para ser bem honesta, ele não é de todo ruim, mesmo com tantos pontos contras narrados até agora.

Eu gostei muito de 2 das 5 histórias, achei 1 mais ou menos, mas, de fato, não gostei de outras 2 (que me foram até penosas para ler de tão maçantes que me pareceram). Então, nada mais justo do que falar de cada uma delas em separado, não é?

Como dito, o livro na verdade é uma coletânea de 5 histórias (e não é o único do autor - pelo que vi em sites internacionais - sobre Sherlock Holmes que segue essa linha. Embora ele tenha um outro até mais antigo sobre o detetive, mas que ainda não foi lançada no Brasil). A primeira é a que dá nome a coletânea:

- A Execução de Sherlock Holmes
Nota: Média
O conto trata de uma junção de "vingadores" em nome dos antigos rivais de Sherlock Holmes (temos o representante dos Moriarty, dos Milventon, etc..) que prendem o detetive e decidem julgá-lo e matá-lo a sua própria Lei. Mas, antes, querem desacreditá-lo ao extremo tanto para si quanto aos outros. John e Lestrade tentam ajudá-lo, mas ele acaba sendo transferindo para um lugar incerto, vigiado 24 horas, onde só a sua astúcia conseguirá fazer com que sobreviva e escape.
Realmente, o conto vale à pena, embora eu ache que ele deveria ser contato em primeira pessoa por Sherlock e não ter sido narrado por John posteriormente... Isso daria mais credibilidade aos malabarismos que é contado sobre a fuga de Sherlock e o como ele fez para sobreviver a tudo.

- O caso da Chave Grega
Nota: Ruim:
Não foi um caso que me agradou... Ele não é pesado, mas o autor realmente não soube como trabalhá-lo, embora a ideia tivesse um bom potencial (e, para ser honesta, ela é meio batida). Esse é um dos casos onde o detetive precisa desvendar um código de comunicação usado pelo inimigo. Mas, se lembrarmos bem, Arthur usou o mesmo tema em pelo menos duas histórias em que eu consigo me lembrar agora...

- O caso do Assassinato de Peasenhall
Nota: Ótima
O caso do Assassinato de Peasenhall é um dos melhores contos do livro, daquele tipo que você começa e termina em um piscar de olhos. Thomas realmente fez um ótimo trabalho neste aqui.
Um homem é acusado de assassinar uma jovem porque, um ano antes, dizem que eles tiveram um caso e a moça aguardava agora um filho dele. O individuo goza de ótima reputação, é pai de 6 filhos, casado com uma mulher que realmente o ama e tem certeza de sua honestidade e era bem visto por todos até que duas testemunhas começam a botar em cheque sua honestidade.
Até mesmo a participação de Lestrade nesse caso é algo que realmente foi muito bem trabalhado, simplesmente por si já valia o livro. Deveria ser o primeiro, sabe? Eu acho...

- O caso da camareira Fantasma
Nota: Ótimo
Tirando o título ruim e que não parece fazer jus a boa história, o caso começa como se fadado ao fracasso, mas dá uma boa reviravolta e o prende totalmente.
Uma jovem camareira é despedida de um hotel por ter entrado (no meio da noite) no quarto de um hóspede (provavelmente para furtar algo), enquanto ele dormia induzido por fortes remédios. O porteiro é a testemunha de que a moça entrou, mas nem mesmo o hóspede é consultado ou informado do incidente.
A mãe da jovem, inconformada, consegue junto ao reverendo uma chance de que Sherlock a ouça e atesta a ele que sua filha estava de folga e em casa naquela noite. Isso intriga o detetive, mais do que o fato de a mulher ser corpulenta não temê-lo (é impagável quando ela pergunta a ele se ele acha que ela tem cara de mentirosa e até mesmo Holmes é forçado a dizer "Não senhora", mesmo a contragosto). O caso se prova ser algo bem mais intrincado e a vida de um homem está em jogo - além do emprego da camareira.

- Rainha da Noite
Nota: Ruim
Esse conto é péssimo... A cada instante eu me via contando as páginas para acabar. Depois de dois contos tão bons o autor patinou feio e fez um que poderia ser deixado de fora (junto com o segundo) que não faria falta alguma.
O autor tentou criar uma possível explicação para os Moriarty e seu 'título', jogando toda a lama na mãe do vilão. Além de achar desnecessário, achei que o irmão de um gênio do crime (e que na primeira história do livro se mostrava bem mais espertinho) não deveria ter criado uma estratégia tão besta e deixado tantas pontas soltas para ser descoberto...


Em resumo:

Sendo assim, num geral, é um bom livro sim, eu até o indicaria para fãs de Sherlock Holmes ou de livros de detetive, mas sugiro que o leitor o siga de outra forma, não na sequência em que se apresenta, ou corre o sério risco de se entediar ou abandoná-lo por um tempo (como eu fiz após a segunda história, sem saber que a terceira era ótima).

De qualquer forma, nos basta esperar que a editora Elevação compre os direitos dos outros livros de contos do autor sobre Sherlock Holmes para continuarmos a ler e ver se ele conseguirá acertar em mais contos, não é mesmo? :D



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