Livro: "Ninguém Tira O Que E Seu" por Floriano Serra

Título: Ninguém Tira O Que É Seu

Autor: Floriano Serra

ISBN: 978.85.7722.511-8
Ano: 2016
Editora: Vida e Consciência

Gênero: Romance

Disponível para compra:

Informações adicionais:
Número de páginas: 356
Tipo de diagramação: abres centralizados com fonte em negrito, texto sem serifas, espaçamento satisfatório
Cor das páginas: brancas
Fonte: sem serifa, agradável para a leitura e tamanho satisfatório
Capa: brochura brilhante, com orelhas laterais


Sinopse: 
Camila, uma jovem estudante, nasce no mesmo dia, hospital e na mesma hora em que Cecília, uma famosa violinista, morrera dois anos antes. Já adulta, Camila encontra Jonas, o viúvo, e os dois se aproximam. Jonas se sente atraído pela jovem, que conhece detalhes íntimos da vida dele e demonstra familiaridade em relação aos locais onde ele passara bons momentos ao lado de Cecília. Como Camila poderia saber tanto sobre a vida de Jonas? Seria ela a reencarnação de Cecília? Ou seria apenas uma esperta e dissimulada aproveitadora, que manipula os sentimentos alheios? Tire suas conclusões e embarque nesta linda história de amor. Um amor de muitas vidas!



 Nota:



Resenha:

Esse é o segundo livro que eu leio do autor e embora tenha amado o primeiro, não gostei muito deste não. Não que a história seja ruim, ela na verdade é bonita, mas houveram alguns acontecimentos que não me agradaram, então vou tentar explicar os motivos desta nota enquanto conto um pouco da trama.

Camila é uma jovem de 18 anos que mora com uma mãe adotiva. Na verdade, sua falecida mãe morreu em decorrência do parto, já que se encontrava extremamente fragilizada, já que sofria violência doméstica e que foi abandonada após o "digníssimo" descobrir que a esposa estava grávida. Clotilde, ouve aos apelos da amiga e entra com o pedido de adoção da menina, conseguindo a adoção definitiva com o tempo.

Por volta dos 7 anos, Camila diz que está tendo sonhos lúcidos com algumas pessoas para sua "mãe de criação" (acho muito errado o uso deste termo e também acho erra do "segunda mãe" que é como a própria menina chama Clotilde. Mas por qual motivo acho errado? Simples: mãe é quem cuida, uma criança adotada após uma fatalidade da genitora tem duas mães sim, mas uma não está em uma hierarquia menor que a outra, ambas estão no mesmo grau de importância). Clotilde pede para que ela pare de falar isso, pois ela diz que se encontra com um homem adulto nesses sonhos e isso deixa sua mãe temerosa. Mas não adianta não falar, por um bom tempo a menina segue com esses sonhos.

Agora, no tempo presente, com ela com 18 anos, ela precisa acompanhar a mãe té outro bairro para pegar uma medicação em um postinho e é de dentro do ônibus que ela vê "o homem de seu sonho" e quase pula da condução até ele, mas é impedida por Clotilde. Mesmo assim, ela acaba indo até o lugar novamente, escondida, e reencontra esse senhor, já com 60 anos e ao vê-lo entrar em um prédio tem certeza de que "ele mora com onde ela sonhava".

Esse homem é Jonas, ele mora em um condomínio e ficou viúvo de Cecília vinte anos atrás. ai de dois filhos, ele acabou deixando a educação e "criação" de seus filhos aos sogros após a morte da esposa e hoje mora sozinho. As crianças, Jefferson e Cíntia, cresceram e seguiram suas vidas em outras cidades, enquanto o rapaz se torna engenheiro e vai trabalhar em Manaus, a moça é psicóloga e mora em Florianópolis. Aliás, embora eles não se deem nada bem, ficam fofocando um para o outro sobre a vida do pai e é um leva e trás terrível. Além disso, essa situação é tão chata que a filha dele parece mais uma criança birrenta que corre contar para os outros, nem parece mesmo alguém adulto e formado em psicologia.

Jonas nunca mais se envolveu romanticamente com ninguém e a primeira vez que vê Camila na rua lhe olhando sorridente, não imagina que dias depois ela iria chegar em sua mesa no restaurante e contar que "via-o em sonhos" durante a infância. A propósito, ela chega lhe cobrando explicações dos motivos de vê-lo antes, como se ele realmente pudesse dar a essa desconhecida alguma resposta.

Mas o problema maior de tudo é o comportamento de Camila. Embora seja descrita com 18 anos, a moça age como se tivesse 12, no máximo. Seu modo de falar, de se expressar e entendimento está muito longe da forma no qual meninas de 18 anos são. Infelizmente, dá uma sensação de pedofilia, pois não é possível alguém de tal idade agir de forma tão infantil. E, quando no decorrer da história eles começam a namorar eu juro que me deu uma sensação ruim, pois ela era basicamente "a gostosona na cama" e depois voltava a ser "a moça com entendimento de criança da vida".

Não, meu amigos, não a problema em ver as coisas com os olhos de uma criança, encarar a vida como uma criança ou qualquer coisa assim. O problema está na construção, nas atitudes e na forma de entendimento que a personagem nos transmite. Sim, nós sabemos que o amor não tem idade, mas a leitura não acabou sendo prazerosa pois a cada momento eu a via como alguém muito mais nova e me soava totalmente errado e pedófilo.

Aliás, "as Camilas" da vida real são muitas vezes aquelas que acabam sendo manipuladas por homens mais velhos e não vivem "uma história de amor", mas uma vida cheia de sofrimento psicológico, privações e até torturas físicas. Se você tem uma amiga que age igual a Camila com 18 anos, então, sinto muito, ela não é psicologicamente alguém capaz de consentir com nada, tente tirá-la dessa furada o quanto antes.

Não me entendam mal, é muito bonito a ideia de que Cecília amava tanto Jonas que reencarnou só para voltar a viver essa história de amor, chega a ser muito fofo e realmente apaixonante. Mas a forma como Camila, a reencarnação da Cecília, age não me deixou nenhum pouco confortável com essa relação. Aliás, no livro todo a impressão que temos é que a visão de mulheres adotada pelo autor é um tanto problemática, pois elas agem de forma deverás estranha e totalmente foras da "casinha".... No fundo, a ideia da trama é linda, mas a execução deixou um pouco a desejar a meu ver.


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