Livro: "A Nova Revelação" por Arthur Conan Doyle

Título: A Nova Revelação
Título Original: The New Revelation
Autor: Arthur Conan Doyle
Tradutor: Guillon Ribeiro

Editora: FEB
Ano de publicação: 2014
ISBN: 978.85.7328.857-5
Gênero: Espiritualismo, Estudo

Informações adicionais:
Número de páginas: 128
Tipo de diagramação: simples, letras com serifa, títulos em caixa alta e fonte levemente maior
Cor das páginas: amareladas
Fonte: agradável para a leitura


Sinopse:
Sir Arthur Ignatius Conan Doyle (1859-1930), médico e escritor escocês, mais conhecido pelas histórias de seu famoso personagem Sherlock Holmes, foi também um dos maiores estudiosos e divulgadores do Espiritualismo, esforçando-se para divulgar a Nova Revelação (em seu aspecto religioso) por meio de palestras e conferências em que expunha e analisava os fenômenos psíquicos e suas consequências espirituais. Nesta obra, descrevem-se os estudos e as experimentações que o autor (inicialmente cético) empreendeu durante vários anos, levando-o a abraçar definitivamente o pensamento espiritualista. O livro é antecedido por uma breve biografia do escritor e mostra suas primeiras impressões sobre os fenômenos espirituais surgidos a partir de meados do século XIX. Complementam a obra três pequenos subcapítulos descrevendo livros e testemunhos sobre o Espiritualismo, a mediunidade de escrita automática e um caso de poltergeist.


Nota:

Curiosidade:

E eu sigo firme e forte lendo as obras do autor que foram lançadas aqui no Brasil ao longo do tempo. Infelizmente, é verdade, há muito material ainda inédito, mas vou na fé de que um dia lancem tudo o que ele publicou por aqui também.

Arthur Conan Doyle, com o tempo, acabou sendo um autor que continuou a ser conhecido pelo mundo todo, mas a sua imagem acabou vinculada a um único de seus personagens. Embora escrevesse sobre os temas mais variados, como guerras, pirataria, expedições, ciência, terror, suspense e entre tantos outros; foram sim suas obras sobre um detetive que perpetuaram-no na cultura popular e que ainda servem de caminho para levar novos leitores a elas.

Mas Arthur era multifacetado, médico e estudioso, porém era humano e as vezes dá uma escorregada "na maionese" (fã sim, cega aos erros dele não). Ele também tem obras fora do campo da ficção, com textos publicados em vários jornais e revistas especializadas enquanto era vivo.

Mas como não era auto declarado católico, como a maioria de seu meio em sua época, acabou sendo construída no imaginário popular toda uma ideia de que ele foi facilmente manipulado e era por demais inocente em sua crença. Nada novo sob o sol, não? Afinal, em tempos de intolerância religiosa em que vivemos, o que o autor passou se torna algo ainda atual e constante em nossa sociedade. Correm-se os anos, mas a história humana se repete, não?

Existem duas obras do autor sobre a sua religião, o Espiritualismo (não confundir com Espiritismo, pois são diferentes). Esta aqui, na qual farei a resenha agora, e outra chamada "A História do Espiritualismo" (livro o qual eu até adquiri e pretendo ler e resenhar com o tempo, mas não vou dar prazo, pois eu leio bem devagar e contribuo em outro blog também, por isso não quero descumprir um prazo se algo der errado).

Anteriormente e de forma errada, este livro aqui foi traduzido pela editora Pensamento como sendo um livro "espírita" e não "espiritualista", religiões diferentes e equivoco que só veio a ser arrumado após uma editora espírita, a FEB, lança-lo com a tradução correta dos termos. Aliás, a Pensamento ainda lançou o outro livro como a tradução errada também e com o nome de "A História do Espiritismo". Certamente é daí que veio toda essa história de o Arthur ser espírita, quando o espiritismo nem existia ainda e as nuances entre as duas religiões serem bem distintas. Mas, vou falar deste livro e não sobre as religiões, ok? Afinal, é o que de fato importa nesta resenha.


Resenha:

O livro começa com dois textos inciais bem bacanas, escritos por outras pessoas e que foram adicionados a obra original quando outras edições dele foram lançadas lá fora. O primeiro é apenas um abre, mas o segundo é um texto bem grande sobre a vida de Arthur Conan Doyle. Foi através dele que descobri que "Conan" na verdade é um "nome composto de Arthur" e não um sobrenome (e fiquei pasma com isso!). Afinal, os pais dele e nem os irmãos possuem Conan no nome e eu nunca tinha me atentado para esse fato antes!

Esse segundo abre é quase que como um resumo da vida do autor. Ele explica desde a relação dele com seus pais, seus estudos médicos, os primeiros empregos (e as primeiras vezes que lhe passaram a perna também), as relações conflituosas no qual envolveu-se com seus parentes quando percebeu que não acreditava nos moldes impostos pela religião de seus tios e o como eles fizeram com que portas se fechassem para ele com o intuito de fazê-lo aceitar essa "verdadeira fé" para que sua vida fosse mais fácil.

Em outras palavras, a vida dele foi bem complicada e isso não deu-se apenas pela opinião pública, mas por conta de muitos percalços familiares também. Sim, como nós, ele teve alguns parentes que se achavam no direito de controlar a vida dele em tudo, mas não abriu mão a troco de nenhuma facilidade, apenas seguiu atrás de suas investigações e buscando algo que lhe parecesse o correto. Arthur foi gente como a gente, na virada.

Mesmo penando na vida, ele não abriu mão de suas convicções e passou a investigar o tal do "espiritualismo", inicialmente descrente, mas com o tempo se tornando um crédulo quanto aos fenômenos por conta do que ele foi descobrindo no caminho através de seus estudos e de suas experiências. Ele era ciente de que todas as pessoas que morrem continuam iguais do lado de lá e que não bastava que uma única informação fosse transmitida do Além para ser verídica. Ou seja, ele pegava cada um dos dados e tentava cruzar com o de pessoas que realmente viveram em uma verdadeira caçada sobre a veracidade do que lhe aparecia em mãos.

Embora o livro tenha sido escrito em 1917, é espantoso o como há frases que poderiam ser aplicadas no mundo atual e eu, que não sou de marcar, acabei rendendo-me e copiando-as de tão impactantes que são. Mais do que falar sobre a própria religião dele, Arthur fala sobre o respeito e a tolerância para com a religião do próximo (mesmo quando o próximo não tem a mesma conduta para contigo) e sobre aceitar a opinião do outro (mesmo que ele te magoe com o que diz), porém sem desmerecer a sua própria.

Ele até admite que cada dúvida que lhe era dada em relação ao espiritualismo era mais um caminho para o qual ele se voltava a estudar, mas que existem sim pessoas que mesmo com provas não querem ouvir nada, já que para essas a única religião que realmente "está certa e importa" é a delas mesmas.

No começo, ele explica o como conheceu o espiritualismo através da manifestações das "mesas girantes" (algo que também acabou por originar o espiritismo na França), ou seja, um fenômeno onde ouvia-se pancadas de som que davam a impressão de serem respostas inteligentes a perguntas dos presentes e que, em alguns casos, a mesa parecia levantar-se e mover-se, sem que ninguém nelas tocassem. Aliás, Allan Kardec explica mais sobre esse fenômeno do que o próprio Arthur fez, já que neste livro serve mais para mostrar em que momento ele conheceu o espiritualismo e o que o fez estudá-lo. E aí vem o ponto mais curioso, ele começou a estudá-lo só para provar que aquilo era errado, mas com o tempo e a partir de vários acontecimentos (aos quais ele vai narrando no livro) o próprio começou a perguntar-se se não havia mesmo algo maior por trás de todos esses fenômenos.

Vale pontuar que, o espiritualismo nasce como um estudo de casos, uma forma de tentar-se explicar de forma coesa e cientificamente comprovada tais acontecimentos. Ele não era uma religião, era uma ciência (não muito diferente de como vem a se formar o espiritismo na França). O livro foi escrito entre 1917 e 1918 e apenas ao final do livro Arthur diz que dali para frente acreditá-se que possa existir uma base sólida de uma religião ali.

E, diferente do espiritismo, ele diz que no espiritualismo acredita-se que com o tempo o desencarnado não mais volta a se manifestar por estar em outras ocupações. Mas, no espiritualismo, não se acredita que essa ocupações sejam reencarnação, já que ele mesmo diz que a pessoa morta continua sua própria vida no outro lado tal qual era, porém após um certo tempo de sua morte não mais terá motivos para querer conversar com as pessoas que aqui estão. Ele até mesmo chega a dar um prazo no qual é possível se ter uma comunicação para com quem já se foi.

É um livro curto e interessante. Eu, como sou espírita, consigo ver as diferenças entre uma religião e outra, além de as similaridades. Mas, para quem tem outra religião, pode ser interessante também dar uma pesquisada e, se quiser, estou às ordens para bater um papo, ok?

E, lá vem a hora rara, deixo aqui algumas das muitas partes que me chamaram muito a atenção e espero que sirva como incentivo para aguçar a curiosidade de vocês também quanto a obra:


  • "Se o mundo viesse a encher-se de profetas sem valor, cada um alardeando as suas ideias a cerca do novo domínio religioso e apoiando-se unicamente nas suas próprias afirmações, voltaríamos aos obscuros tempos da fé cega."
  • "Mas a fé, embora cheia de beleza quando apreciada no indivíduo, tem sido sempre, nos corpos coletivos, uma arma de dois gumes" E ainda tentam difamar o cara por conta da religião dele. Olha a lucidez dele!"
  • "Fé significa crença absoluta nunca coisa que não se pode provar. Um diz: "A minha fé é isso". Outro diz: " A minha fé é aquilo". Nenhum dos dois pode provar o que afirma ser a sua fé, mas brigam sempre, ou mentalmente, ou, por fim, fisicamente. O que for mais forte se mostrará disposto a perseguir o outro, até obrigá-lo a partilhar a verdadeira fé.""





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