Livro: "De Volta Pra Vida" por Gilvanize Balbino, pelo espírito Saul

Título: De Volta Pra Vida

Autora: Gilvanize Balbino, pelo espírito Saul

ISBN: 978.85.7722.512-5

Ano: 2016

Editora: Vida e Consciência

Gênero: Romance Mediúnico, Espírita, Romance


Informações adicionais:
Número de páginas: 320
Tipo de diagramação: abres de capítulos simples, a diagramação do texto é em fonte serifada e de tamanho agradável para a leitura.
Cor das páginas: brancas
Fonte: serifada, agradável para a leitura e tamanho satisfatório
Capa: brochura brilhante, com orelhas laterais


Sinopse: 
Muitos acreditam que o ser humano vive muitas vidas para que seu espírito, por meio de várias existências, tenha condições de mudar sua personalidade e transformar-se positivamente, livrando-se das ilusões para aproximar-se cada vez mais de sua essência divina. 
A vida permite que seus filhos nasçam, morram e renasçam — tantas vezes forem necessárias —, para descobrirem que o amor incondicional é um sentimento que necessita ser cultivado e que, a cada nova jornada, precisa ser cuidado para crescer forte e gerar frutos capazes de curar uma alma presa ao ódio ou amolecer um coração endurecido pela mágoa.
Nesta emocionante continuação do romance "O Símbolo da Vida", os personagens retornam séculos depois para enfrentar desafios e superar o medo, o ódio e o desejo de vingança, e para fortalecer os elos de afeto e amizade.
"De volta pra vida" é um romance que aborda temas como relacionamento, sexo, vida após a morte e fomenta reflexões a respeito dos aspectos físicos e espirituais da doença de Alzheimer.

Nota:


Resenha:

Esse é o primeiro livro que leio da autora Gilvanize Balbino, que foi ditado a ela pelo espírito Saul. Aparentemente, toda a obra de Gilvanize é sequenciada e cada um dos livros deixa um tipo de "gancho" para o seguinte e remete a acontecimentos do anterior. Não que obrigatoriamente você tenha que ler o anterior, já que nos rodapés há as menções ao fato quando ele remete alguma outra obra dela, mas estão ali a título de curiosidade.

"De Volta Pra Vida" aparentemente é o segundo livro da sequência (embora a autora tenha 3 livros no catálogo da editora e um deles pareça não ser parte desta coleção), que começa com "Simbolo da Vida" (cujo qual eu não li e não conhecia a existência posterior).

Deixe-me me explicar porque não li, calma. Faz poucos anos que comecei a ler obras de autores espíritas e, confesso, que por dois anos li apenas algumas obras de Zibia Gasparetto. Com o tempo, passei a procurar obras de outros autores e li alguns de Vera Lúcia Marinzek de Carvalho. Porém, percebi que a editora da Zibia possuía vários outros autores e, este ano, comecei a buscar um livro de cada autor para a troca, no intuito de ler e ver com qual deles me simpatizo também. Afinal, é sempre bom conhecer outros autores de algum assunto que você goste, certo?

Porém, vou precisar ser franca ao dizer que o livro da Gilvanize não me agradou. Não que a trama seja ruim, mas a forma no qual ele foi escrita é deverás formal! E, veja só, ele soa muito falso. Sei que a ideia é justamente remeter a pessoas que realmente viveram tais situações e criar uma cadeiazinha de acontecimentos com os temas propostos.

Não que você possa pegar um livro espírita e localizar quem teve aquela vida e as pessoas ao seu redor, não é isso! Mas os fatos de várias e várias pessoas são juntados a certo número de personagens e a forma como eles os encararam é que acaba sendo descrita. Um único personagem pode representar 3, 4, 5 ou até mais pessoas reais e isso acontece com todos da trama.

Ficando ciente disso, fica um tanto quanto forçado certas citações no livro como "não vamos citar o nome da cidade para que não a localizem" ou "os nomes foram alterados para proteger o anonimato das pessoas". Pessoal, claro que nós sabemos que aqueles nomes são figurativos, claro que sabemos que muitas vezes a cidade é figurativa, então colocar isso no texto acaba se tornando forçado e inútil.

A capa, aliás, da a sensação de que a trama toda vai girar em torno do casal adolescente, Adriano e Sabrina. Ok, eles aparecem no livro, mas se dividirmos o livro em quatro partes apenas uma delas será o espaço em que Adriano tem o "protagonismo", todo o restante do livro gira em torno da mãe de Sabrina (seja por conta da amizade da mãe dela com Adriano e com os preconceitos que ela tem quanto a nova cresça da amiga, seja por causa da doença da mãe dela ou pelos problemas conjugais entre ela e seu marido. Resumidamente, a protagonista é a Rita, então a capa acaba não tendo sido bem escolhida).

O livro cita a todo momento passagens da Bíblia, das obras de Kardec, do livro anterior da autora e até mesmo Chico Xavier; em vários rodapés a informação está ali para indicá-lo aonde deve ir para se aprofundar. O que, digamos, é algo muito bom. Porém a forma no qual os personagens conversam entre si, até no cotidiano familiar, é muito formal e soa forçada, já que não se trata de um livro de época (onde esses diálogos seriam típicos). Para ser ainda mais franca, os diálogos entre os espíritas (entre si e com as pessoas de outras religiões) reforçam um esteriótipo de espíritas"aceitarem tudo que Deus manda e perdoar todo mundo". Mas, não é assim, gente!

Olha, eu sou de uma família espírita, minha avó era espírita, minha mãe, minhas tias e eu convivi a vida toda rodeada de espíritas e nós não somos seres iluminados de outro mundo, que perdoam tudo e não têm falhas. Isso é mentira! Todos estamos aqui por um motivo e dentro do próprio espiritismo se ensina que quem não precisa mais evoluir, nem mesmo na Terra está. Então, essa trama reforça uma certa "insensibilidade" que as pessoas projetam nos espíritas que eu sempre vi e senti. Como quando, por exemplo, meu pai faleceu e uma pessoa de outra religião falou que "não podíamos chorar, já que éramos espíritas".

Entendam: espíritas não aceitam tudo passivamente, não são seres sem sentimentos e em qualquer centro que a Rita chegasse e contasse que o marido a espancava ela seria indicada a procurar a polícia, não a "aceitar". Ninguém é obrigada a aceitar nada passivamente, ninguém! Nenhum espírita de verdade vai romantizar abuso, vai obrigar a pessoa a ficar em um casamento de "fachada" (onde não existe amor e só brigas) e, até mesmo no livro de Kardec, ele deixa bem claro para quem estuda o espiritismo que o divorcio pode ser algo necessário sim, e que não há separação de algo que nunca esteve unido. Que o homem não separa sim o que Deus uniu, mas que casamentos sem amor não são união de Deus, mas invenções do homem, baseadas em poder, dinheiro, status e afins, e que nada disso é de fato aprovado por Deus.

Em vários momentos essa forma de escrita me deu vontade de abandonar o livro, mesmo que ele seja riquíssimo em informações (apesar das pisadinhas de bola pontuais), então eu digo: leia sim, mas esteja ciente de que é uma obra possui defeitos e equívocos, como muitas outras também o tem. Logo, cabe ao leitor absorver aquilo que lhe parece bom dentre todos os assuntos e que se houver alguma dúvida, sempre é bom debater com outras pessoas. Afinal, como o próprio Kardec bem pontua: todas as religiões devem ser debatidas, todas precisam ser questionadas, inclusive/principalmente o espiritismo. Não aceite nada como unanime, pesquise, se informe e debata. Só assim estaremos realmente buscando a verdade dos fatos.



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